domingo, 2 de novembro de 2008

Comentário de leitor

Comentário do(a) leitor(a) Jester, sobre o post Pra quem será que é mais fácil?:
"Sem dúvida é mais fácil pro homem. O homem tem até o fator idade a seu favor."

Olha, sinceramente falando, acho que isso é mito, pois o fator "idade" não age a favor de nenhum dos sexos. Pra mim, é mais ou menos como dizer "pro homem, porque o homem tem pau". Ou então, querer levar a aparência demais em conta, e o meu exemplo não deixa mentir. Eu, se fosse para dar uma nota para a minha aparência, seguindo o mesmo sistema que os homens usam para rankear as mulheres (notas de 0 a 10), eu, pesando todos os meus fatores físicos, me daria um 8. Eu tenho um rosto bonito, com sobrancelhas espessas, face forte, um cabelo bonito, tenho estatura (meço 1,80m). Porém, estou um pouco acima do peso (com direito a um chopêps), não sou musculoso nem sarado e tenho um nariz um tanto... Protuberante. Mas, por uma ironia, eu agora tenho uma vida na qual nada posso reclamar de falta de mulheres.

Voltando ao tópico inicial: não, não acho que idade influencie em algo. Tanto para homens quanto para mulheres. Estamos cercados de exemplos, à nossa volta: quantos quarentões, cinqüentões e mesmo sessentões que continuam à toda corda? E mesmo para as mulheres, conforme disse meu querido leitor: alguém conhece a Marília Gabriela? Não estava um canhão daqueles a namorar um reconhecido galã de nome Reynaldo Gianechini? É claro, é um exemplo raro, e ela é uma mulher famosa e blablablá (não que eu concorde com esse argumento também, enfim), no entanto, vez por outra esbarramos em pessoas mais velhas que ainda estão curtindo loucamente suas vidas.

O meu palpite para o que dana muitas pessoas mais velhas de terem um relacionamento estável é o nível de exigência adquirido, com o decorrer do tempo. Comentário do Paulo, queridíssimo amigo meu quase cinqüentão: "Ah, Ian! É complicado namorar na minha idade agora, pois eu não quero ficar enchendo HD!". De fato, ele tem razão: é um pé no saco dividir uma vida com uma pessoa sem um mínimo de cultura geral. O problema é que, no caso dele, ele procura mulheres mais novas, evidentemente com menos bagagem cultural e de vida do que ele. Eu mesmo já tenho dificuldades de encontrar mulheres com um nível intelectual no mínimo aceitável, o mínimo para poder ter uma vida a dois comigo - e isso porque eu tenho 20 anos. Que dirá, então, de um cara com quase 50 anos.

Moral da história: muito difícil o pacote vir completo. Se vier, lembre-se que "quando a esmola é demais, o santo desconfia".

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sobre direitos autorais

Sim, eu sei que existe a lei de proteção ao direito autoral (lei de copyright) e, justamente por saber, uso este post para solicitar que, caso você veja neste blog um texto, vídeo ou imagem de sua autoria e que você não queira a veiculação do mesmo, mande um e-mail para ian_spricht_nicht_deutsch@hotmail.com que irei retirá-lo.
Grato.

Aviso importante

Para aqueles que forem me dizer coisas, sejam elas ditas através de conversas ou de comentários no blog, tomem cuidado, porque, como sou um contador de histórias, seu nome poderá muito bem ser citado aqui. Por isso, antes de comentar qualquer coisa comigo, pense.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Future is now!

Na fase beta da minha vida, eu costumava pensar que, um dia, supostamente e do nada, quando eu tivesse meus 30 anos, tudo iria mudar, num passe de mágica. Mas, conforme fala um tio meu, "só existem duas coisas que caem do céu: chuva e tijolo na cabeça de mandrião", e ainda bem que eu não descobri isso muito tarde. Tudo bem, confesso que esse meu pensamento conformista existia porque eu não possuía armas para combater. Só que continuar com ele após ter obtido essas armas é preguiça e vagabundagem.

Hoje mesmo vinha discutindo isso com minha mãe, no carro, a caminho da faculdade. A fé ela é importante, sim, como fator de manutenção da nossa perseverança, fazendo com que não nos entreguemos com facilidade. Pessoalmente, eu não vejo as religiões como um problema; pelo contrário, elas (supostamente) podem servir como um subsídio para que pessoas que venham a se identificar com alguma delas conseguirem seguir em frente. O que tem é que muita gente interpreta a "fé" da maneira errada. Elas não a usam dessa maneira saudável que citei; usam, sim, como muleta para não fazer o que deve ser feito, ficando na retórica do "amanhã eu faço", "um dia irá acontecer". Essa é uma postura reativa e passiva.

Isso é tão verdade que eu mesmo já conheci inúmeras pessoas de 30 anos (ou até mais) que caíram nessa história e continuam com suas vidas fodidas, seja amorosa, sexual, social ou profissionalmente (isso quando não mais de uma ou todas essas áreas). Com o sexo oposto mesmo, cacildes, eu vejo caras de 30 anos cometendo erros primários, coisa que a gente costuma fazer quando tem 16 anos! Passeando pelo iogurte, certa vez, observei um sujeito mandar 3 scraps para uma mesma garota. O pior de tudo é que era a mesma mensagem, e o conteúdo dela era algo assim: "deixa eu ser seu amigo ou namorado se você quiser. Se você quiser vou fazer por mereÇer. Do seu amigo ou namorado se quiser, fulano de tal." My God, como pode alguém esperar um relacionamento a longo prazo com alguém sem ter primeiro um envolvimento sexual (atraído esse alguém)? Por isso, reitero tudo o que disse até aqui.

Então, o que fica daqui é: arregace as mangas e tenha senso de oportunidade. Novas chances para mudar você pode não ter nunca mais, e os caminhos que poderia trilhar podem se alagar. Só existe um tempo verbal: o presente. O passado você não pode mudar, pois já foi, e o futuro ainda não existe concretamente. Até porque o futuro é agora e ele é feito das nossas ações. Sempre.

Agora ouvindo: Pink Floyd - Dogs

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Engrenagens

Apesar de ser uma tarefa muitas vezes chata e devoradora do nosso precioso tempo, deitar-se no sofá ou em uma rede e pensar a quantas anda a nossa vida e suas áreas pode ser muito bem-vindo, especialmente em situações de "red alert", quando a vida nos coloca em suas encruzilhadas e onde temos que mostrar toda a nossa habilidade de jogadores que somos.


Na minha concepção, nossas vidas possuem justamente 3 áreas: a social, a profissional e a sexual. A social é a representada por nossas relações afetivas (sem sexo), ou de amizade; a profissional é a nossa sobrevivência, de onde tiramos nosso sustento e a sexual, que é onde lidamos com o sexo oposto. É um assunto do qual já tratei vagamente por aqui, mas aqui ele ficará mais exposto e com o seu principal ponto: se essas três áreas não caminharem juntas e de modo harmônico, dificilmente teremos uma existência saudável. Ficaremos doentes em algum momento, se uma dessas áreas ficarem fora de controle. Ou fisica ou mentalmente - ou, pior ainda, os dois (alguém aqui já ouviu falar em doenças psicossomáticas?).

Eu tomei a decisão de deixar a minha vida sob controle ainda neste ano. Tudo estava bagunçado, até então. Na verdade, grande parte ainda não está do modo que eu esperava - e é bom que seja assim, afinal, já pensaram que merda que seria a vida se a gente atingisse todos os nossos objetivos com 19,20 anos? Mas como diz aquela máxima, "O futuro é agora", temos que trabalhar desde cedo e fazer as coisas que têm de ser feitas no momento. Uma vez que eu tinha que ter um ponto de partida, e precisamos vencer nossos demônios, um dia, escolhi uma área que, para mim, até uns meses atrás, era um fantasma: minha vida sexual.

Até a metade deste ano, minha relação com o sexo oposto era algo turbulento e problemático. As mulheres me intimidavam, e as mulheres com quem eu conseguia ficar não era por sedução, mas por sorte. Elas apenas estavam ali. Hoje, sinto que a coisa é outra. Bem outra. (E, se não fosse assim, eu não acharia que esta mudança de estilo de vida estaria valendo tanto a pena e também não teria a certeza de que ela veio em boa hora).

Vejo que fiz uma boa escolha, começando a corrigir meu lado sexual. Tudo porque, com minha vida sexual sob controle, a social também estará. Bom, o porquê disso é uma coisa que só eu sei! (risos macabros!) Quanto à minha vida profissional, estou me encaminhando também, pois foi neste ano que descobri o real sentido da carreira pela qual enveredei.

E você? O que tem a contar sobre a sua vida?

Ouvindo: Wolfsheim - Kaufrausch

sábado, 4 de outubro de 2008

Pra quem será que é mais fácil?

A impressão que tenho é que o jogo da sedução é muito mais injusto para as mulheres do que para os homens. Isso fica evidente em dois fatores, em específico: a disponibilidade de jogadores dos diferentes sexos e os critérios atrativos adotados para cada gênero.

Pra começo de conversa, existem bem mais mulheres do que homens no planeta. Segundo estatísticas, existem 3 mulheres para cada homem. É lógico, isso é apenas uma estatística: ninguém conhece apenas três mulheres em toda a vida. Mas o fato é que existem mais homens do que mulheres no mundo, e ponto. E é por essa razão que eu me dano em ver cabra puto da cara porque UMA mulher deu uma bota nele; pombas, existe bem mais mulher do que homem no mundo, meu camarada! Saia com a cabeça erguida e parta para a próxima.

A partir desse ponto, eu olho pelo lado inverso: quem tem muito mais razão pra sair choramingando pelos cantos porque tomou um pé é a mulher, porque sabe-se lá quando ela poderá encontrar esse mesmo cara legal novamente, já que a oferta do mercado é pequena. Além disso, as mulheres possuem em seus arquétipos a imagem do príncipe encantado, alimentada e re-alimentada pela sociedade e pela mídia, durante as vidas delas. Cacildes: essas duas instituições já impõem para elas que o tal do "príncipe encantado" é um tipo raro de achar; isso, somado à quantidade de homens em disparidade em relação à de mulheres, já serve ainda mais pra aumentar o desespero e necessidade dessa busca. Vai ver que é por isso, além da idéia de casamento como felicidade eterna, que muitas mulheres não se dão conta de que, em algum momento da vida, seus príncipes viraram sapos, e elas não lhes dão um pé na bunda.
(Claro, no que diz respeito à facilidade com a qual os homens chutam as mulheres, não defendendo nenhum dos dois lados, pois o que prevalece é a idéia de felicidade em primeiro lugar: se a pessoa não está feliz com uma outra, ela tem mais é que prezar a própria felicidade. E cada um que cuide da sua.)

Para tornar o quadro mais pessimista, tem ainda a questão de que os interruptores geradores de atração são diferentes para cada sexo. Enquanto que as mulheres podem ser atraídas por homens feios e gordos, os homens, ao se depararem com mulheres feias e sem "cãrrrrne", não conseguem ter aquele empurrãozinho que faça o membro dar uma de Pinóquio. Eu quero dizer: um cara feio e gordo, mas com senso de humor e auto-confiança, pode sim levar uma mulher gostosa pra cama, uma vez que uma mulher feia e sem "material", mesmo com auto-confiança e senso de humor, dificilmente faz o mesmo. A não ser que o cara seja alguém de baixo valor, necessitado - pois não tem facilidade em arranjar mulheres -, ou esteja manguaçado, acaba "encarando", já que não tem tantas pra ele mesmo, e o pau não vê cara nem bunda. No entanto, isso não vale para homens e mulheres de alto valor. Eles podem escolher bem seus parceiros.

Isso é evolutivo: as mulheres são atraídas por homens com grande potencial de sobrevivência, e os homens são atraídos por mulheres com grande potencial de reprodução. Ou seja: as mulheres são atraídas por homens fortes (fisica e/ou psicologicamente), seguros, que lhes dêem proteção, e os homens por mulheres bonitas e gostosas, pois isso é genético, e, tendo elas atributos genéticos bons, serão capazes de passar esses atributos para as gerações posteriores. Sim, nós, seres humanos somos animais racionais, de modo que nem sempre buscamos sexo para reproduzir e gerar prole; porém, esse gerador de atração para os homens já é um comando imperceptível a nível consciente, embutido: a raiz evolutiva reptiliana está ali, intacta. Sempre foi assim por milhares de anos. E pode ser que nunca deixe de ser assim. (E tudo isso aí serve ainda mais para atestar um fato: as mulheres não sabem conquistar um homem - sabem, sim, é seduzir. Pros homens é o inverso: costumam sentir dificuldades para seduzir uma mulher, mas nem tanto para conquistá-la. Não é verdade que os homens precisam ter papo para conseguir comer uma mulher, na medida em que para uma mulher basta mostrar os peitos para trepar?)

A sacanagem divina ou científica maior tá aí: um homem fraco e inseguro pode mudar sua personalidade, através de terapias, ou ajuda de amigos e familiares, por exemplo. (E, quanto à força física, ele pode malhar.) Pode levar um tempo, mas o fato é que é um problema que pode ser corrigido. E, se ele for feio, através da auto-confiança, ele pode aprender a lidar com isso e usar armas a favor dele. Uma mulher que é feia não tem como ficar bonita, pois é genético - ela foi programada pra ser assim. Ela não tem como ganhar beleza física, a menos que ela seja milionária e possa pagar uma cirurgia plástica ou um implante de silicone. Ela pode arranjar homens, sim, mas serão os betas: com carência, baixa auto-confiança e crenças derrotadas.

Por isso, meu amigo (faço questão de enfatizar o amigO, pois estou esperando que um homem vá ler isto), depois de ler este post, não venha choramingar mais nos meus ouvidos por causa de mulher; tá aí a minha resposta. Curta que a vida, pois você não sairá vivo dela. Para as mulheres, fica aquele clichê que diz que a felicidade está dentro de você - se está bom para você, então não precisa estar para mais ninguém! Afinal, como será que chegamos até aqui, vivendo dia por dia?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Neverwhere

A série, inspirada em um livro do escritor inglês Neil Gaiman, me despertou curiosidade desde o primeiro momento em que ouvi falar sobre ela, em uma matéria sobre um jogo de computador (?), há uns dois anos atrás. Mais ou menos na mesma semana em que fiquei sabendo da existência dessa série, meu desejo de baixá-la foi imediato (uma vez que, conforme me informara, ela não existe no Brasil à venda e nem estava em exibição na televisão). Encontrei-a por esses programinhas de torrent, porém, faltavam as legendas, e eu sabia que seria de lascar assistir a um filme em que o povo fala inglês com o inconfundível "british accent", incompreensível inclusive pra muita gente. Mas, neste ano, há semanas atrás, tudo mudou: cá está esta maravilha em minhas mãos!

Essa sedutora produção da BBC, de 1996, gira em torno de Richard Mayhew, um londrino com uma vida relativamente normal que, do nada, passa a ficar visível apenas para as pessoas da chamada "London Below" (ou a "Londres De Baixo", o submundo subterrâneo escondido nas catacumbas do "underground", o conhecido metrô londrino) e invisível por pessoas da correspondente "London Above" - a Londres "normal". Na verdade, não é que ele tenha ficado invisível de fato, mas, sim, as pessoas "de cima" conseguem vê-lo, mas esquecem-se dele logo após o terem visto. Essa viagem toda, by the way, tem inspiração em fatos mais ou menos reais, pois essa cidade subterrânea de Londres (ou "mundo" subterrâneo, conforme mencionado na série) realmente é uma lenda urbana da capital britânica um tanto famosa e já outras vezes explorada (como falei ali no início do texto, há um jogo de PC que fala sobre isso).

Ela está dividida em 6 capítulos, cada um com cerca de meia hora de duração. No episódio de abertura da microssérie, Door, Richard Mayhew conhece uma misteriosa mulher chamada justamente de Door (Porta...!), que aparece para ele na rua, bastante ferida e ensangüentada. Ele a leva para casa, após romper com a noiva dele. Lá, ele percebe que se meteu em algo perigoso, pois ela é perseguida por dois estranhos assassinos do submundo (Mr. Croup e Mr. Vandemar). Ao final do episódio, Richard conhece o Marquês de Carrabas, para o qual Door teria prometido um favor muito grande. O episódio seguido, Knightsbridge, trata da passagem de Richard para as entranhas da London Below, através da tal da Knightsbridge; o que muito assusta-o, pois ele é informado de que não poderá ter mais sua vida normal de volta. Nesse episódio, também ficamos sabendo do tal grande favor que Door deve ao Marquês de Carrabas: vingar sua família, assassinada por não vou contar quem (Haha! Vão assistir, seus forgado!).



Em Earl's Court To Islington fica bem visível a doideira do Neil Gaiman: colocar o nome de um bairro londrino (Islington) em um anjo. Esse anjo afirma ter a solução para os problemas de Richard e Door, desde que eles encontrem uma chave para ele, e, para obtê-la, Richard deverá passar por uma provação. Então, em Blackfriars, Mayhew é levado até os Blackfriars (os frades negros), que são os guardiões da chave que ele precisa dar ao anjo Islington, para passar pela provação. A provação é ele resistir a uma tentativa de suicídio, pois as pessoas que tentam conseguir essa chave, durante esse teste, são bombardeadas por ilusões relacionadas aos seus maiores medos. E é nessa provação que ele passa a se questionar se ele não está dentro de um grande pesadelo, de fato - como se ele estivesse apenas dormindo ou mesmo ficando louco. No penúltimo episódio, Down Street, Door é raptada por Mr. Croup e Mr. Vandemar, e Richard enfrenta a Grande Besta de Londres, que aparecia para ele durante uma espécie de transe e em sonhos. Para fechar, em As Above, So Below, Richard acaba tendo de decidir em qual dos mundos permanecerá.


Além de ser uma produção muito bem trabalhada, tecnicamente falando, com ambientes bastante cavernosos e bem representados dessa forma, é uma série que acaba tendo um fundo de questionamento social. Será que todas as pessoas de uma cidade, Estado, país, vivem em uma mesma sociedade, com mesmos níveis de acesso, tratamento? De que modo elas são vistas pelas outras pessoas ditas normais? Do mesmo modo? Bem, ela deixa clara a mensagem, ao colocar os habitantes do submundo como "invisíveis" aos dominantes - ou, pior ainda, "desprezados", já que são vistos, porém, esquecidos por essas pessoas. Além desse fator, ela é um prato cheio para quem simplesmente curte fantasia, mistério e surrealismo (ambas bem coisas de Neil Gaiman) e acredita em "mundos paralelos". No caso de Neverwhere, esse parece ser bem real.

sábado, 13 de setembro de 2008

Quero ir pro bar, mas ela não deixa.

É impressionante como cada vez mais eu percebo como tem gente que gosta de enfiar a vida no cu e não tem noção do quão danoso isso é, e o que é pior: tendo orgulho disso ao defender esse tipo de atitude, em nome de uma suposta "felicidade". Quer ver quando o tema é monogamia, namoro "dito sério", segundo o senso comum. Está lá. Temos o namorado e a namorada, vivendo um amor. Uma coisa que é pra ser legal, mas tem que ser tratada com cuidado, com muito cuidado. Na lista de prescrição de cuidados, com certeza, está (ou deve estar) inclusa a liberdade.

Eis a situação que me chamou para o presente post: ontem, 22h da noite, tava eu no MSN conversando com um amigo meu, o Rafa, sobre um casal de amigos em comum nosso. O Rafa tava lá, chateado porque não tinha ninguém pra sair com ele - afinal, ficar na baia em uma sexta-feira costuma ser foda para a maioria dos mortais. Então, eu pergunto pra ele sobre nosso amigo em questão, e do porquê o Rafa não o chama para eles tomarem umas junto. E o que eu obtenho como resposta? "Ah, é que é fogo! Ele tá namorando!". Eu, incisivo como sou, largo: "Oras, mas convide do mesmo jeito!". O Rafa me responde de maneira resignada: "Pois é, mas se eu o chamasse, ele teria que ver se a namorada também quer".

Certo. Vamos nos teletransportar para a mente do amigo meu e do Rafa. Será que nessa noite ele não tava querendo se divertir, tomar aquele prazeroso suco de cevada, que tem uma espuminha, desce gelado pela garganta - enfim, será que ele não estava com essa vontade mesmo, bastando apenas o Rafa ligá-lo e ele sentir aquela sublime sensação que temos quando iremos fazer algo de que gostamos? Pois é. Mas, como ele se sente preso às vontades da namorada, em nome de um "amor", ele pensa: "Pô, será que ela vai querer ir?". Caso ouça um "não", vai ter que se contentar em ficar em casa chupando o dedo ou vendo um filme chato (aliás, "filmes" é outra coisa que é delicada como porcelana, em um namoro - well, entre muitas outras). Isso é felicidade? Isso é responder de um jeito coerente às nossas vontades reais?

Comigo a coisa rola de um jeito diferente. No momento não estou namorando. Porém, se acontecer de eu conhecer uma pessoa com a qual eu queira manter uma relação, a luz que eu encontraria seria um relacionamento aberto. Nesse tipo de relacionamento, ficam de fora as convenções de ter que os dois passarem feriado no mesmo lugar, fazerem os mesmos programas, saírem SEMPRE juntos. Sim, é muito prazeroso fazer programas juntos, viajar juntos, sair juntos. Mas DESDE QUE os dois sintam a mesma intensidade de prazer em fazer tais coisas. Pombas, e se a minha menina quisesse ir a um boteco pra ficar com gente chata, com a qual não tenho nenhuma afinidade? Sinto muito, mas eu não ainda não sou evoluído espiritualmente o suficiente pra me martirizar desse jeito, não.

A solução: colocar os pingos nos "i"s, ser bem sincero e falar: "Pois bem. Você vai lá ver esse pessoal, eu fico em casa, ou vou pra outro lugar." Isso é um exercício de liberdade, minha e da minha parceira. Ela não precisa sacrificar algo que ela quer muito fazer, e eu não terei que aturar gente chata. Pronto! A impressão que tenho é que, uma das coisas que muito desgasta um relacionamento, são esses pequenos e grandes sacrifícios que as pessoas têm que fazer, tudo por causa da(o) namorada (o). Chega um momento em que, de tão sufocado, sugado, o amor que existe entre o casal se transforma em uma coisa tediosa e desinteressante. Daí, cada um vai pro seu lado. A pessoa perde duas coisas: o parceiro que ama e algumas amizades, distanciadas por causa da vida isolada que um casal médio costuma levar. Por isso, digo: mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Retrospectiva (PARTE UM)

Analisando o TFM (tolo-frustrado médio) que eu fui até o ano passado, eu consigo sentar em uma pedra e fazer a reflexão do que estava errado. Pensando nas principais dinâmicas sociais nas quais estive envolvido, acho que matei as charadas. Remontar às dinâmicas da minha infância e do início da minha alta adolescência (13 aos 15 anos) é algo complicado, pois o número de acontecimentos a abordar é grande, e minha memória escassa - para anos tão longínquos. Neste primeiro post, irei abordar os anos finais da minha alta adolescência (16 aos 17 anos); no segundo, os anos da minha baixa adolescência em diante (dos 18 aos 20, no meu caso).

Antes, acho interessante explicar o que vem a ser um TFM e dinâmicas sociais.

TFM é só uma definição, pois tenho certeza que todo o mundo já se sentiu assim, em algum momento de suas vidas - ou, então, durante longos períodos, não apenas "em algum momento de sua vida", como era meu caso. O tolo frustrado médio é aquele sujeito que deseja as coisas, mas não atinge seus objetivos nunca, seja por incompetência ou por falta de oportunidades. E, então, alguém que não está feliz com nada disso (daí o "frustrado"). Eu tinha quase não tinha auto-estima, logo, também não tinha amigos, perdi minha virgindade tarde, as mulheres da minha vida eram contadas por mppa (mulheres pegas por ano) e não me encontrava profissionalmente.

Claro, existe a corrente (sábia, por sinal) que diz que a felicidade é apenas um conceito e carrega a relatividade intrínseca a um conceito. Aí entram as pessoas que estão cagando solenemente para a sua "realidade", por mais infeliz e desgraçada que possa parecer, fugindo dela e fingindo serem felizes (ou mesmo SENDO!). Mas essa não era a minha situação. (Um post sobre "realidade" será escrito, ainda).

Como um apaixonado pelo estudo do comportamente humano, creio que as dinâmicas sociais são uma coisa muito digna de observação, pois elas são o modo com o qual você interage com os grupos sociais da sua vida (o que inclui sua família, roda de amigos, colegas de trabalho, de faculdade, de escola, entre outros). Você interage com esses grupos usando a sua maneira de agir - o que carrega o seu modo de ser. Dinâmicas sociais são um processo de leitura e escrita, pois você age de um modo (escrita) e as pessoas o vêem de outro modo (leitura).

Well, após essa breve recolocação de pingos nos "i"s, voltemos. Para um bom entendimento, didaticamente fiz a divisão da minha vida em dinâmicas sociais e aspectos profissionais, sexuais e interiores.

2005

Background: 17 anos. Na expectativa do vestibular, de entrar na vida adulta - pelo menos no sentido pragmático da palavra.

Dinâmicas Sociais: Eu agia apenas fazendo o tipo funny (divertido) do componente comportamental C&F (cocky and funny, ou "convencido e divertido"), logo, era tratado apenas como um idiota, sem nenhuma capacidade de liderança, sendo então, ignorado e caindo no descrédito. Fazia coisas de baixo valor social e não saía. No mais, estava cursando meu último ano no enfadonho mundo escolar e sentava ali na frente, bem ao convívio dos nerds - inclusive de um colega gay que era amigo de todas as meninas daquela parte da sala (comentário feito com o intuito de contextualizar outra coisa que aparecerá adiante).

Profissional: Primeiro vestibular. Como era bitolado demais, só passava meu tempo me preocupando com ele; logo, com a mente ocupada em se PRÉ-ocupar, não obtive sucesso. Ainda que eu fosse objetivo, sabendo bem o que queria (Jornalismo), não me sentia competente para fazê-lo, pois achava que não era bom em escrita e em comunicação inter-pessoal.

Sexual: Era virgem, frustrado com as mulheres, e achava que elas eram todas putas estúpidas. Vale também lembrar que, nesse ano, eu estava saindo de uma desilusão amorosa que muito me desgastara, no ano anterior, e produziu todos esses reflexos supracitados. Lembram daquele amigo gay, que comentei acima? Através dele, eu tentava me aproximar de uma colega de classe por quem tinha me apaixonado - sem sucesso, obviously.

Interior: Como resposta a isso tudo, meu inner game era baixo e me dizia que eu era um bosta que nunca daria certo na vida; deveria desistir de mim mesmo, pois. Eu praticava Aikidô, o que me serviu muito para camuflar toda aquela angústia acumulada que vivia dentro de mim. Essa angústia era camuflada por meu comportamento funny em excesso quando estava entre outras pessoas, e, por revelar essa incongruência de personalidade (sempre rindo, mas se sentindo mal por dentro), era tratado do jeito que era. Havia, no entanto, acontecendo junto com tudo isso algo de positivo: a minha identidade "Ianesa" começou a ser formada, através dos novos tipos de música que eu escutava, dos novos modos de operar (ainda que eles só fossem adotados anos depois). A identidade é um tema complexo de ser debatido; por isso, deixarei para uma próxima.

2006

Background: Meus 18 anos. Dei-me conta de que não era livre só por estar com essa idade - ainda que a percepção consciente, de fato, apareceu no corrente ano (2008), quando decidi mudar de hábitos e de estilo de vida. Segue.

Dinâmicas Sociais: Eu me tornei mais amargo, fazendo com que o cocky (convencido, do C&F) prevalecesse sobre o funny - o que, no caso, denota insegurança. Logo, fica evidente que esse convencimento todo meu era mais um frame incongruente, porque eu só queria passar isso pros outros, mas por dentro me sentia um lixo, ainda. Os relacionamentos continuavam a mesma merda. Eu tentava me integrar aos grupos e pessoas com quem sentia afinidades, mas sempre sem sucesso. Como conseqüência, eu acabei entrando em um isolamento espontâneo, em relação ao mundo. Porém, um new feature: conheci a Bárbara, uma amiga maravilhosa que até hoje me acompanha e me dá esperanças de fazer uma reescrita da minha própria história.

Profissional: Dois semestres enfiado no entediante mundo dos cursinhos (e realmente não sei definir o que é mais danoso e nocivo à integridade do ser: colégio ou cursinho). Foi nesse ano que percebi a burrice que cometera no ano passado: deveria ter prestado UFSM, e não só a UFSC (como eu fizera), pois eu teria passado para a universidade gaúcha, evitando de perder um ano da minha vida. Um ano jogado fora.

Sexual: Continuava virgem e conhecendo poucas mulheres.

Interior: Consegui por seis meses parar de roer unha, mas as fraquezas e demônios mal-resolvidos voltaram. Como eu falei, ainda me sentia um merda e era inseguro. A minha identidade, a essa altura, já estava 60% formada, por outro lado. O que muito iria contribuir para fortalecer meu inner game.

PARTE 2 no post abaixo.

Ouvindo: Kraftwelt - Deranged

Retrospectiva (PARTE DOIS)

Continuação.

2007

Background: 19 anos. Início do meu processo de libertação (as experiências que levam a ela começam a acontecer).

Dinâmicas Sociais: Fui fazer faculdade em Santa Maria (RS). Pessoal muito gente boa, o que acho que ajudou bastante a me recuperar socialmente. É aí que minha personalidade C&F começou a se ajustar, eu sendo uma pessoa com mais auto-confiança e mais divertida, sempre brincando com todos à minha volta - ainda que somente lá pelo final do ano as ataduras tenham se fixado. Tinha meu grupo de amigos na faculdade e saíamos pra balada juntos.

Profissional: Como dito, entrei em uma faculdade de Jornalismo. O problema é que eu ainda não me sentia encaixado na profissão; eu ainda não me via como jornalista, o cara que tem tato, sabe conversar, sabe persuadir - em suma, tem habilidades comunicacionais.

Interior: Ainda faltava auto-estima, na verdade. Sim, eu falei que ela estava começando a nascer em mim, mas ainda estava bem aquém do necessário. Eu também me importava demais com o que os outros diziam e faziam para mim, me sentia necessitado e carente demais, esperava demais dos outros e jogava minha felicidade na mão deles. O que tem de legal, neste ponto alcançado, é que a minha identidade foi formada: tanto a minha aparência, meu estilo, quanto as minhas idéias foram formadas nesse ano. (Um post futuro irá falar mais sobre "identidade").

2008 (Hoje)

Background: 20 anos. Sensação de bem estar, felicidade e segurança interior reforçada, de um modo geral. Início do meu estilo de vida.

Dinâmicas Sociais: Personalidade C&F quase em estado de consolidação. Recuperei algo que descobri ser inato, em mim: minha capacidade de comunicação. Hoje, com certeza, sou bem mais comunicativo do que nos anos anteriores. E tenho uma relação mais saudável com as pessoas.

Profissional: A descoberta do meu dom da comunicação acabou respingando no meu campo do trabalho: abracei o Jornalismo como minha carreira e algo feito para mim, sob medida. Eu aceitei para mim mesmo que escrevo bem, o que faz parte da profissão jornalística e do dom comunicacional.

Interior: Graças ao novo estilo de vida adotado, comecei a construir uma enorme sensação de poder e de segurança - uma auto-confiança mais elevada ainda do que a conquistada no ano passado. Assumi para mim mesmo que eu sou capaz de fazer o que quiser e ir aonde quiser, sem fronteiras. Além disso, aprendi a aceitar meus erros e levar as coisas como um game, onde há dias em que você ganha e outros em que você perde (como diria o Boça: "A vida é igual minigame, né, meeeeeeeu? Tem dias que você pontua mais, tem dias que você pontua menos..."). Aprendi também a ver as coisas como um processo, com início, meio e fim e início de novo. E, por elas serem um processo, demandam paciência e trabalho. Serenidade, acho que é a palavra que fecha tudo o que está aqui.

Ouvindo: Kraftwelt - Sonar Blow Job

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Aprendendo com os erros

A primeira coisa que deve ser pensada, quando existe a vontade de fazer uma mudança de hábito, de paradigma ou de frame (termo que será explicado abaixo), é a gente ter uma boa política de relacionamento com nossos erros. Existem basicamente dois modos de nós interpretarmos nossos erros: ou encaramos como a prova cabal de que somos uns fodidos, perdedores, incompentes, betas, ou que cada um deles é a porta para um aprendizado, e que o fracasso é algo inexistente, e só existe se você assim decide. (Pois como já diria o Winston Churchill: "O sucesso não é a finalidade nem o fracasso é fatal").

Frame é um conceito tomado da PNL (Programação Neuro-Lingüística). Segundo a PNL, a grosso modo, o cérebro humano funciona como um computador: ele possui um processador (nosso cérebro, em si) e circuitos (nosso conjunto nervoso, que manda e recebe sinais, estímulos, pensamentos). Por ser um computador, ele possui uma programação - novamente aquele modo de operar. E é aí que tá o trabalho: para criar um novo frame, você precisa desprogramar circuitos, ou pensamentos seus que são nocivos, para colocar uma gama de outros novos que mudarão sua personalidade.

Bem, finalmente, frame é um conceito usado para se referir a padrões de pensamento. Padrões de pensamento, por sua vez, são a sua maneira de enxergar o mundo e a você mesmo - incluindo aí suas capacidades ou a falta delas - e a sua maneira de operar (modus operandi), de agir, sempre seguindo as instruções deles (todo um processo feito pela sua programação mental - PNL). Por exemplo: se você se acha incapaz de fazer algo, irá agir segundo esse frame - dizendo para si mesmo que não é capaz e não tomará as atitudes necessárias para agir corretamente. Da mesma forma que, pelo contrário, se o seu frame for o de alguém que acredita ser capaz de fazer coisas, você agirá inconscientemente de modo a fazer as coisas certas para realizar essas coisas.

Na maioria das vezes, você cria seu frame a partir das suas experiências. Se você foi muitas vezes elogiado, bem recebido, tende a achar que é bons, forte, pré-selecionado e vitorioso. Mas se foi muitas vezes rejeitado, destratado, foi porque algo deu errado, e você pode criar uma auto-imagem negativa (um mau frame), como é o caso de crianças muito rejeitadas dentro de casa, que culminam em ter uma auto-estima baixa.

Então, o que os frames têm a ver com a maneira de ver os erros? Ora, tudo. Os frames são a maneira pela qual você dialoga com seus erros. Se você tem o frame de um vencedor, perseverante (um alfa), você irá pensar que, quando algo der errado, não deu porque o problema está em você, na sua personalidade ou na sua habilidade, mas, sim, que algo na sua estratégia, no seu modo de operar precisa ser corrigido. Desse modo, as coisas serão produtivas, você será alguém melhor, pois aprenderá a detectar, corrigi-los e principalmente: nunca mais repeti-los. No entanto, se você operar com o frame de um perdedor, de um beta, você irá pensar que o problema está em você, e você é um fracassado, um merda.

O diabo (ou a salvação) que tem é que, quando você opera num frame, as pessoas à sua volta vêem você operando desse modo, com esse padrão de pensamento, por mais que tente esconder, ou dizer o contrário. Isso porque nós todos somos uma comunicação ambulante, em potencial. Uma comunicação que emite mensagens subdividas em duas categorias: as mensagens verbais e as não-verbais. As verbais são as mensagens emitidas através da fala e respondem por cerca de 7 ou 8% da nossa comunicação. Já as mensagens não-verbais são nossas mensagens corporais, que podem vir dos nossos gestos, das nossas excrecências (como o suor), da nossa respiração e de outras fontes silenciosas e respondem pelos outros 93 ou 92% da comunicação pessoal. E, conforme já mencionado, as pessoas percebem o seu frame muito mais através da sua comunicação não-verbal porque a recepção desse tipo de mensagem se dá de modo inconsciente para as pessoas (quem nunca experimentou aquela sensação de "o santo não ir com o do fulano", assim, sem motivo?), e está enraizada na evolução da nossa espécie - claro, porque a linguagem do corpo é mais remota que a linguagem da fala. (Isso tudo pode ser conferido em um interessante livro, O Corpo Fala, de Pierre Weil e Roland Tompakow.)



Ou seja: não adianta nada você dizer que é forte, é dominador e destemido (comunicação verbal), se as suas mãos e pernas tremem, você exala suor ou um cheiro, fica vermelho, palpita fortemente em situações de risco para o seu "eu" (comunicação não-verbal). Esse tipo de frame é chamado de incongruente, pois a sua comunicação verbal não casa com a não-verbal. Isso é percebido de modo inconsciente, variando em cada pessoa o nível de percepção.

O problema é que abandonar um frame, um padrão mental de pensamento que você já possui a muito tempo leva tempo, e muito esforço; é um trabalho diário. Você precisa fazer uma nova programação, destruir frames nocivos e auto-destrutivos e criar um frame forte. E é aí que tá o trabalho: para criar um novo frame, você precisa desprogramar circuitos que durante muito tempo estiveram presos em sua mente. E leva tempo até que o seu novo frame adquira congruência, ou seja, os novos códigos inseridos por você em seu cérebro entrem em harmonia com suas atitudes (respostas à esses códigos), de maneira que você toma essas atitudes de modo natural. (Afinal, você passou boa parte da sua vida com um frame, uma programação mental negativa, e seu cérebro se acostumou com isso).



Por isso, mãos à obra! Se você continuar pensando, após cometer seus erros, que não nasceu para determinada coisa ou estilo de vida, irá, uma hora ou outra, desistir do seu projeto e não atingirá a sua meta, a sua mudança, acarretando tristeza, desconforto, frustração e garantindo a continuidade de um modo de viver e de pensar medíocre. Uma prisão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Depeche Mode - Black Celebration



Lançado em 1986, o quinto álbum de estúdio do Depeche Mode, "Black Celebration", é um dos piores, na minha opinião. Porém, como estamos tratando de Depeche Mode, uma das bandas mais adoráveis e originais que já existiram, na minha humilde opinião, podemos trocar esse "dos piores" pra "dos menos legais". Creio que essa estranheza que senti, ao escutar o CD, se deve ao fato de que o álbum está um pouco fora de coerência, isto é, um pouco diferente do que eles já vinham fazendo - onde alcançaram um hot point no "Construction Time Again", de 1983; diga-se de passagem, um dos meus favoritos. Escute, pra entender um pouco do espírito do que tava chegando nos anos 80!


Como eu já disse, Depeche Mode é o tipo da banda que o cara precisa de umas 4 boas ouvidas de um disco "ruim" inteiro pra poder entrar na energia. Mas isso é não é jogar limpo - soa forçado, imposto, porque o gostoso mesmo, em tudo na vida, é ser pego de surpresa, de modo arrebatador. Black Celebration não tem essa capacidade. O que muito me decepcionou, pois a maioria das pessoas que gostam de DM me falam bem desse disco.


Das 14 faixas, apenas a metade passa aquela sensação que é a razão de ser legal deles: energia! A outra metade fica por conta de baladinhas chatinhas e faixas "devagar-quase-parando", sendo que a única desse grupo que vale a pena comentar algo legal é "Dressed In Black", que, talvez por esse nome fetichístico (dentro do MEU rol de fetiches!), cai bem, tocando um som com um clima de sedução (sugestão: uma garota saindo de um banho quente e vestindo o tal do "black dress" pra um cara).


Pra não passar por chato, vou listar aqui as músicas matadoras desse álbum: Black Celebration (apesar de começar maçante); Fly On The Widescreen; A Question Of Time e Stripped - são as duas melhores, e as cantarolo na rua; em especial a segunda, fico batucando nos meus brincos, querendo imitar o palm-mutted da guitarra na introdução -; Here Is The House; Dressed In Black (já citada) e Breathing On Fumes. (Vale lembrar que citar as músicas matadoras do álbum é importante, pois muitas das que foram mencionadas acima são, de fato, marcante para os fãs da banda. Ou seja: as músicas desse disco bem mediano quando são fodas conseguem se sair melhor que a encomenda!)


O aviso que fica aqui é: se será a sua primeira experiência com o Depeche Mode, esqueça o Black Celebration. Comece por qualquer outro, menos por esse, porque você pode se decepcionar, ficando com uma impressão errada e perdendo de colocar na sua lista de "mais ouvidas" músicas criadas por gente criativa e revolucionária como eles.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Atração: Um Estímulo Do Meio

Num dia desses, lembrei-me de uma fala de um professor do tempo que eu estudava na UFSM, responsável pela disciplina de Teorias da Comunicação. O cara era casca grossa, não tolerava uso de sinônimos em suas provas - sim, a gente tinha que escrever exatamente como ele passava o conteúdo no quadro, metodicamente. Eu, porque sou bom cordeiro demais, acabei me dando bem com ele.

Eu sempre procuro enxergar que as pessoas não são 100% ruins nem 100% boas. Elas sempre possuem algum desvio, como, do mesmo modo, sempre possuem algo a ensinar ou nos passar. Esse professor transformou, de um chavão turvo - e aparentemente sem utilidade prática a curto prazo - a uma verdade clara como a luz da lua, a seguinte afirmação: se você não se gostar, ninguém gostará de você.

A conclusão a que cheguei, a partir daí, não veio a partir de uma conversa no boteco do 74 - o bloco onde tínhamos essa cadeira -, claro. Teorias da Comunicação é uma disciplina do curso de Comunicação Social, que, no caso da UFSM, abrange três habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas (A minha era Jornalismo), e as três habilitações faziam possuíam essa disciplina em seu currículo, logo, tinham aulas juntos os alunos dessas habilitações.

É numa aula dessas que o professor larga a seguinte idéia - segundo ele, dirigida aos futuros publicitários - : "Vocês deverão saber atribuir valor aos produtos para os quais farão campanhas publicitárias. Se vocês não atribuírem um valor, atenderem uma necessidade do público, não venderão nada." E ainda emendou: "Comunicação persuasiva não existe. Se a pessoa não se sentir seduzida, de alguma forma, por tal produto, ele não servir para algo dentro das necessidades dela, então, ele nada significará."

Isso também pode ser transposto para nós mesmos, enquanto pessoas, não produtos. Se queremos ser atraentes, para então seduzirmos alguém, devemos atribuir um valor a nós mesmos; uma qualidade que nos faça especiais, diferentes, distintos. Que nos torne únicos em relação aos outros 6 bilhões de habitantes do planeta, como se só nós tivéssemos aquela qualidade. E, é claro, não basta apenas termos essa qualidade: precisamos acreditar no poder dela, para que possamos demonstrá-la.

O que é a sedução? Bem, o vocábulo é a junção de duas palavras latinas, "se" e "ducto", e quer dizer "desviar do caminho", ou seja, fazer uma pessoa mudar de idéia; persuadi-la, convencê-la. Ela é normalmente precedida da atração, que, segundo o Mystery, é a primeira parte do processo de sedução. E a atração, que vem a ser? A atração, ou aquilo que nos atrai, é algo que nos chama a atenção, que também nos desvia do caminho, afinal, é algo anormal no meio, algo diferente daquilo que estamos acostumados a ver e do modo com o qual estamos acostumados, fazendo com que nossas percepções e sentidos sejam voltados para esse "algo", nos desviando de ver o resto. Mesmo o esquisito pode ser (e é, nesse caso) atraente.

Imagine a seguinte situação: você está caminhando em uma rua quando vê um chimpanzé multicolorida (vamos colocar aqui verde, azul calcinha e um rosa shock). Ao avistar esse chimpanzé, você se sente atraído, pois sua atenção foi voltada a essa "anomalia" do meio, uma vez que não são comuns chimpanzés multicoloridos. Ele gerou atração porque ele é diferente, tem algo de especial - no caso, a sua forma.

Para podermos ser atraentes, devemos procurar esse chimpanzé dentro de nós. Essa característica/habilidade única, especial, perturbadora, a fim de gerar esse "estranhamento", de maneira a nos tornarmos um estímulo do meio, perceptível aos outros. Descobrir essa característica que nos faça seres mágicos é uma árdua tarefa, que requer um grande empenho de auto-conhecimento.

É daí que vem a afirmação clichê que ouvimos, a tal de "se você não se gostar, ninguém gostará de você". Se você não possuir algo de especial (como eu disse, uma característica, ou uma habilidade), você não poderá demonstrar esse algo para as pessoas. É um problema até de natureza lógica: como você pode mostrar algo que você não tem? Por exemplo: fico gritando para você "estou com uma espada na mão, vou te matar!" Como posso querer demonstrar isso pra você, se eu de fato não possuo uma espada na mão, fazendo com que você não a veja?

Como dito: você precisa se demonstrar atraente. E, SOMENTE SENDO/SABENDO esse "algo de diferente" é que você ENTÃO PODERÁ partir para o próximo estágio (e mais "prático"): DEMONSTRAR. Se você não tem, você não pode demonstrar. E, se não demonstra, ninguém vê.

Agora ouvindo: Kruder & Dorfmeister - Spellbound

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Do porquê decidi criar este brógue



Apesar de clichê, gosto muito daquele ditado do "seja você mesmo, mas não seja o mesmo". Ele é bem direto e conciso na tarefa de mostrar qual o meu novo padrão mental adotado. Pois bem, vamos à explicação.

Chega um momento da sua vida em que você se cansa de viver aquela vida sem graça, sem aventura, sem desafio, sem uma corda bamba sob seus pés. Tá certo que não virei nenhum ermitão que vive isolado do mundo em uma floresta cheia de lobos, javalis e ursos, nem tampouco um maluco que quer ver como é passar meses sem comer; porém, o que está em jogo, para mim, é uma mudança de personalidade. A qual é muito importante, pois introduz uma nova palavra no meu dicionário prático: atitude. Este é o grande desafio aceito por mim há mais ou menos um mês: obter atitude.

Sou um cara (ou rapaz, menino, garoto, jovem, macambúzio, realmente fica difícil de escolher um termo menos chavão) dos seus 20 anos, com uma história de vida de uma pessoa de 20 anos, dentro de uma amostra geral. Mas alguém que pensa demais. Muito. E, por pensar demais, acaba não realizando um monte de coisas que muita gente com menos de 20 anos já realizou. Meu pai é uma pessoa que me critica muito por essa minha espécie de "inércia mental", pois acredita que tenho idéias geniais, mas muita dificuldade de tirá-las do papel. E é aí que entra a preciosa matéria da minha busca - de novo, a tal da atitude. A que faz você conseguir dar o "start" para tudo.

Como todo o ser humano normal, tenho desejos. Só que sem vontade e - ela, insistentemente - atitude, somos fadados a ficarmos andando em círculo em torno desses desejos, dentro dos labirintos da nossa mente. Nosso sentimento de estar perdido nesses labirintos começa a ficar saliente quando começamos a pensar que, em determinada época, tínhamos tudo, éramos jovens, ou então, que estamos velhos demais para atingir tal meta. Claro, afinal, ficamos procrastinando, matando tempo hábil, o qual podia ter sido empenhado na nossa busca. No entanto, preferimos ficar na cômoda frase "amanhã eu começo", ou "ah! Tem tempo para isso!", ou mesmo "não posso, pois tenho uma rotina, um cotidiano e não posso jogar tudo pro alto". Então, os anos passam, e vemos a lacuna, o vazio que ficou. Sentimos que morremos por dentro. Isso é o que eu não quero para mim.

Por eu ser uma cabeça muito ativa (no sentido de PPM, ou "pensamentos por minuto" - uma medida mental para a RPM), achei que seria uma boa idéia expor meus pensamentos aqui, com o objetivo de compartilhar experiências. Minhas experiências relativas à minha busca por um novo ser, que será obtido através desta fase de mudança de hábito, como o próprio nome do blog já sugere. Serão encontradas aqui histórias, pensamentos, que abrem espaços para a minha expectativa em torno de uma necessária mudança de hábito não só minha, mas do leitor, também, caso se identifique com o que for lido aqui. Este blog é um relato de uma viagem. Uma viagem mental. E a frase que encerra a conversa de hoje é "é hora de renascer".


Agora escutando: "Lead A Normal Life" - Peter Gabriel

Teste

Informamos aos senhores que o "Diálogos Subjetivos" mudou para "Mudança de Hábito.