É impressionante como cada vez mais eu percebo como tem gente que gosta de enfiar a vida no cu e não tem noção do quão danoso isso é, e o que é pior: tendo orgulho disso ao defender esse tipo de atitude, em nome de uma suposta "felicidade". Quer ver quando o tema é monogamia, namoro "dito sério", segundo o senso comum. Está lá. Temos o namorado e a namorada, vivendo um amor. Uma coisa que é pra ser legal, mas tem que ser tratada com cuidado, com muito cuidado. Na lista de prescrição de cuidados, com certeza, está (ou deve estar) inclusa a liberdade.
Eis a situação que me chamou para o presente post: ontem, 22h da noite, tava eu no MSN conversando com um amigo meu, o Rafa, sobre um casal de amigos em comum nosso. O Rafa tava lá, chateado porque não tinha ninguém pra sair com ele - afinal, ficar na baia em uma sexta-feira costuma ser foda para a maioria dos mortais. Então, eu pergunto pra ele sobre nosso amigo em questão, e do porquê o Rafa não o chama para eles tomarem umas junto. E o que eu obtenho como resposta? "Ah, é que é fogo! Ele tá namorando!". Eu, incisivo como sou, largo: "Oras, mas convide do mesmo jeito!". O Rafa me responde de maneira resignada: "Pois é, mas se eu o chamasse, ele teria que ver se a namorada também quer".
Certo. Vamos nos teletransportar para a mente do amigo meu e do Rafa. Será que nessa noite ele não tava querendo se divertir, tomar aquele prazeroso suco de cevada, que tem uma espuminha, desce gelado pela garganta - enfim, será que ele não estava com essa vontade mesmo, bastando apenas o Rafa ligá-lo e ele sentir aquela sublime sensação que temos quando iremos fazer algo de que gostamos? Pois é. Mas, como ele se sente preso às vontades da namorada, em nome de um "amor", ele pensa: "Pô, será que ela vai querer ir?". Caso ouça um "não", vai ter que se contentar em ficar em casa chupando o dedo ou vendo um filme chato (aliás, "filmes" é outra coisa que é delicada como porcelana, em um namoro - well, entre muitas outras). Isso é felicidade? Isso é responder de um jeito coerente às nossas vontades reais?
Comigo a coisa rola de um jeito diferente. No momento não estou namorando. Porém, se acontecer de eu conhecer uma pessoa com a qual eu queira manter uma relação, a luz que eu encontraria seria um relacionamento aberto. Nesse tipo de relacionamento, ficam de fora as convenções de ter que os dois passarem feriado no mesmo lugar, fazerem os mesmos programas, saírem SEMPRE juntos. Sim, é muito prazeroso fazer programas juntos, viajar juntos, sair juntos. Mas DESDE QUE os dois sintam a mesma intensidade de prazer em fazer tais coisas. Pombas, e se a minha menina quisesse ir a um boteco pra ficar com gente chata, com a qual não tenho nenhuma afinidade? Sinto muito, mas eu não ainda não sou evoluído espiritualmente o suficiente pra me martirizar desse jeito, não.
A solução: colocar os pingos nos "i"s, ser bem sincero e falar: "Pois bem. Você vai lá ver esse pessoal, eu fico em casa, ou vou pra outro lugar." Isso é um exercício de liberdade, minha e da minha parceira. Ela não precisa sacrificar algo que ela quer muito fazer, e eu não terei que aturar gente chata. Pronto! A impressão que tenho é que, uma das coisas que muito desgasta um relacionamento, são esses pequenos e grandes sacrifícios que as pessoas têm que fazer, tudo por causa da(o) namorada (o). Chega um momento em que, de tão sufocado, sugado, o amor que existe entre o casal se transforma em uma coisa tediosa e desinteressante. Daí, cada um vai pro seu lado. A pessoa perde duas coisas: o parceiro que ama e algumas amizades, distanciadas por causa da vida isolada que um casal médio costuma levar. Por isso, digo: mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
Seu Saraiva
Há 16 anos
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