quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Retrospectiva (PARTE UM)

Analisando o TFM (tolo-frustrado médio) que eu fui até o ano passado, eu consigo sentar em uma pedra e fazer a reflexão do que estava errado. Pensando nas principais dinâmicas sociais nas quais estive envolvido, acho que matei as charadas. Remontar às dinâmicas da minha infância e do início da minha alta adolescência (13 aos 15 anos) é algo complicado, pois o número de acontecimentos a abordar é grande, e minha memória escassa - para anos tão longínquos. Neste primeiro post, irei abordar os anos finais da minha alta adolescência (16 aos 17 anos); no segundo, os anos da minha baixa adolescência em diante (dos 18 aos 20, no meu caso).

Antes, acho interessante explicar o que vem a ser um TFM e dinâmicas sociais.

TFM é só uma definição, pois tenho certeza que todo o mundo já se sentiu assim, em algum momento de suas vidas - ou, então, durante longos períodos, não apenas "em algum momento de sua vida", como era meu caso. O tolo frustrado médio é aquele sujeito que deseja as coisas, mas não atinge seus objetivos nunca, seja por incompetência ou por falta de oportunidades. E, então, alguém que não está feliz com nada disso (daí o "frustrado"). Eu tinha quase não tinha auto-estima, logo, também não tinha amigos, perdi minha virgindade tarde, as mulheres da minha vida eram contadas por mppa (mulheres pegas por ano) e não me encontrava profissionalmente.

Claro, existe a corrente (sábia, por sinal) que diz que a felicidade é apenas um conceito e carrega a relatividade intrínseca a um conceito. Aí entram as pessoas que estão cagando solenemente para a sua "realidade", por mais infeliz e desgraçada que possa parecer, fugindo dela e fingindo serem felizes (ou mesmo SENDO!). Mas essa não era a minha situação. (Um post sobre "realidade" será escrito, ainda).

Como um apaixonado pelo estudo do comportamente humano, creio que as dinâmicas sociais são uma coisa muito digna de observação, pois elas são o modo com o qual você interage com os grupos sociais da sua vida (o que inclui sua família, roda de amigos, colegas de trabalho, de faculdade, de escola, entre outros). Você interage com esses grupos usando a sua maneira de agir - o que carrega o seu modo de ser. Dinâmicas sociais são um processo de leitura e escrita, pois você age de um modo (escrita) e as pessoas o vêem de outro modo (leitura).

Well, após essa breve recolocação de pingos nos "i"s, voltemos. Para um bom entendimento, didaticamente fiz a divisão da minha vida em dinâmicas sociais e aspectos profissionais, sexuais e interiores.

2005

Background: 17 anos. Na expectativa do vestibular, de entrar na vida adulta - pelo menos no sentido pragmático da palavra.

Dinâmicas Sociais: Eu agia apenas fazendo o tipo funny (divertido) do componente comportamental C&F (cocky and funny, ou "convencido e divertido"), logo, era tratado apenas como um idiota, sem nenhuma capacidade de liderança, sendo então, ignorado e caindo no descrédito. Fazia coisas de baixo valor social e não saía. No mais, estava cursando meu último ano no enfadonho mundo escolar e sentava ali na frente, bem ao convívio dos nerds - inclusive de um colega gay que era amigo de todas as meninas daquela parte da sala (comentário feito com o intuito de contextualizar outra coisa que aparecerá adiante).

Profissional: Primeiro vestibular. Como era bitolado demais, só passava meu tempo me preocupando com ele; logo, com a mente ocupada em se PRÉ-ocupar, não obtive sucesso. Ainda que eu fosse objetivo, sabendo bem o que queria (Jornalismo), não me sentia competente para fazê-lo, pois achava que não era bom em escrita e em comunicação inter-pessoal.

Sexual: Era virgem, frustrado com as mulheres, e achava que elas eram todas putas estúpidas. Vale também lembrar que, nesse ano, eu estava saindo de uma desilusão amorosa que muito me desgastara, no ano anterior, e produziu todos esses reflexos supracitados. Lembram daquele amigo gay, que comentei acima? Através dele, eu tentava me aproximar de uma colega de classe por quem tinha me apaixonado - sem sucesso, obviously.

Interior: Como resposta a isso tudo, meu inner game era baixo e me dizia que eu era um bosta que nunca daria certo na vida; deveria desistir de mim mesmo, pois. Eu praticava Aikidô, o que me serviu muito para camuflar toda aquela angústia acumulada que vivia dentro de mim. Essa angústia era camuflada por meu comportamento funny em excesso quando estava entre outras pessoas, e, por revelar essa incongruência de personalidade (sempre rindo, mas se sentindo mal por dentro), era tratado do jeito que era. Havia, no entanto, acontecendo junto com tudo isso algo de positivo: a minha identidade "Ianesa" começou a ser formada, através dos novos tipos de música que eu escutava, dos novos modos de operar (ainda que eles só fossem adotados anos depois). A identidade é um tema complexo de ser debatido; por isso, deixarei para uma próxima.

2006

Background: Meus 18 anos. Dei-me conta de que não era livre só por estar com essa idade - ainda que a percepção consciente, de fato, apareceu no corrente ano (2008), quando decidi mudar de hábitos e de estilo de vida. Segue.

Dinâmicas Sociais: Eu me tornei mais amargo, fazendo com que o cocky (convencido, do C&F) prevalecesse sobre o funny - o que, no caso, denota insegurança. Logo, fica evidente que esse convencimento todo meu era mais um frame incongruente, porque eu só queria passar isso pros outros, mas por dentro me sentia um lixo, ainda. Os relacionamentos continuavam a mesma merda. Eu tentava me integrar aos grupos e pessoas com quem sentia afinidades, mas sempre sem sucesso. Como conseqüência, eu acabei entrando em um isolamento espontâneo, em relação ao mundo. Porém, um new feature: conheci a Bárbara, uma amiga maravilhosa que até hoje me acompanha e me dá esperanças de fazer uma reescrita da minha própria história.

Profissional: Dois semestres enfiado no entediante mundo dos cursinhos (e realmente não sei definir o que é mais danoso e nocivo à integridade do ser: colégio ou cursinho). Foi nesse ano que percebi a burrice que cometera no ano passado: deveria ter prestado UFSM, e não só a UFSC (como eu fizera), pois eu teria passado para a universidade gaúcha, evitando de perder um ano da minha vida. Um ano jogado fora.

Sexual: Continuava virgem e conhecendo poucas mulheres.

Interior: Consegui por seis meses parar de roer unha, mas as fraquezas e demônios mal-resolvidos voltaram. Como eu falei, ainda me sentia um merda e era inseguro. A minha identidade, a essa altura, já estava 60% formada, por outro lado. O que muito iria contribuir para fortalecer meu inner game.

PARTE 2 no post abaixo.

Ouvindo: Kraftwelt - Deranged

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