terça-feira, 19 de agosto de 2008

Aprendendo com os erros

A primeira coisa que deve ser pensada, quando existe a vontade de fazer uma mudança de hábito, de paradigma ou de frame (termo que será explicado abaixo), é a gente ter uma boa política de relacionamento com nossos erros. Existem basicamente dois modos de nós interpretarmos nossos erros: ou encaramos como a prova cabal de que somos uns fodidos, perdedores, incompentes, betas, ou que cada um deles é a porta para um aprendizado, e que o fracasso é algo inexistente, e só existe se você assim decide. (Pois como já diria o Winston Churchill: "O sucesso não é a finalidade nem o fracasso é fatal").

Frame é um conceito tomado da PNL (Programação Neuro-Lingüística). Segundo a PNL, a grosso modo, o cérebro humano funciona como um computador: ele possui um processador (nosso cérebro, em si) e circuitos (nosso conjunto nervoso, que manda e recebe sinais, estímulos, pensamentos). Por ser um computador, ele possui uma programação - novamente aquele modo de operar. E é aí que tá o trabalho: para criar um novo frame, você precisa desprogramar circuitos, ou pensamentos seus que são nocivos, para colocar uma gama de outros novos que mudarão sua personalidade.

Bem, finalmente, frame é um conceito usado para se referir a padrões de pensamento. Padrões de pensamento, por sua vez, são a sua maneira de enxergar o mundo e a você mesmo - incluindo aí suas capacidades ou a falta delas - e a sua maneira de operar (modus operandi), de agir, sempre seguindo as instruções deles (todo um processo feito pela sua programação mental - PNL). Por exemplo: se você se acha incapaz de fazer algo, irá agir segundo esse frame - dizendo para si mesmo que não é capaz e não tomará as atitudes necessárias para agir corretamente. Da mesma forma que, pelo contrário, se o seu frame for o de alguém que acredita ser capaz de fazer coisas, você agirá inconscientemente de modo a fazer as coisas certas para realizar essas coisas.

Na maioria das vezes, você cria seu frame a partir das suas experiências. Se você foi muitas vezes elogiado, bem recebido, tende a achar que é bons, forte, pré-selecionado e vitorioso. Mas se foi muitas vezes rejeitado, destratado, foi porque algo deu errado, e você pode criar uma auto-imagem negativa (um mau frame), como é o caso de crianças muito rejeitadas dentro de casa, que culminam em ter uma auto-estima baixa.

Então, o que os frames têm a ver com a maneira de ver os erros? Ora, tudo. Os frames são a maneira pela qual você dialoga com seus erros. Se você tem o frame de um vencedor, perseverante (um alfa), você irá pensar que, quando algo der errado, não deu porque o problema está em você, na sua personalidade ou na sua habilidade, mas, sim, que algo na sua estratégia, no seu modo de operar precisa ser corrigido. Desse modo, as coisas serão produtivas, você será alguém melhor, pois aprenderá a detectar, corrigi-los e principalmente: nunca mais repeti-los. No entanto, se você operar com o frame de um perdedor, de um beta, você irá pensar que o problema está em você, e você é um fracassado, um merda.

O diabo (ou a salvação) que tem é que, quando você opera num frame, as pessoas à sua volta vêem você operando desse modo, com esse padrão de pensamento, por mais que tente esconder, ou dizer o contrário. Isso porque nós todos somos uma comunicação ambulante, em potencial. Uma comunicação que emite mensagens subdividas em duas categorias: as mensagens verbais e as não-verbais. As verbais são as mensagens emitidas através da fala e respondem por cerca de 7 ou 8% da nossa comunicação. Já as mensagens não-verbais são nossas mensagens corporais, que podem vir dos nossos gestos, das nossas excrecências (como o suor), da nossa respiração e de outras fontes silenciosas e respondem pelos outros 93 ou 92% da comunicação pessoal. E, conforme já mencionado, as pessoas percebem o seu frame muito mais através da sua comunicação não-verbal porque a recepção desse tipo de mensagem se dá de modo inconsciente para as pessoas (quem nunca experimentou aquela sensação de "o santo não ir com o do fulano", assim, sem motivo?), e está enraizada na evolução da nossa espécie - claro, porque a linguagem do corpo é mais remota que a linguagem da fala. (Isso tudo pode ser conferido em um interessante livro, O Corpo Fala, de Pierre Weil e Roland Tompakow.)



Ou seja: não adianta nada você dizer que é forte, é dominador e destemido (comunicação verbal), se as suas mãos e pernas tremem, você exala suor ou um cheiro, fica vermelho, palpita fortemente em situações de risco para o seu "eu" (comunicação não-verbal). Esse tipo de frame é chamado de incongruente, pois a sua comunicação verbal não casa com a não-verbal. Isso é percebido de modo inconsciente, variando em cada pessoa o nível de percepção.

O problema é que abandonar um frame, um padrão mental de pensamento que você já possui a muito tempo leva tempo, e muito esforço; é um trabalho diário. Você precisa fazer uma nova programação, destruir frames nocivos e auto-destrutivos e criar um frame forte. E é aí que tá o trabalho: para criar um novo frame, você precisa desprogramar circuitos que durante muito tempo estiveram presos em sua mente. E leva tempo até que o seu novo frame adquira congruência, ou seja, os novos códigos inseridos por você em seu cérebro entrem em harmonia com suas atitudes (respostas à esses códigos), de maneira que você toma essas atitudes de modo natural. (Afinal, você passou boa parte da sua vida com um frame, uma programação mental negativa, e seu cérebro se acostumou com isso).



Por isso, mãos à obra! Se você continuar pensando, após cometer seus erros, que não nasceu para determinada coisa ou estilo de vida, irá, uma hora ou outra, desistir do seu projeto e não atingirá a sua meta, a sua mudança, acarretando tristeza, desconforto, frustração e garantindo a continuidade de um modo de viver e de pensar medíocre. Uma prisão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Depeche Mode - Black Celebration



Lançado em 1986, o quinto álbum de estúdio do Depeche Mode, "Black Celebration", é um dos piores, na minha opinião. Porém, como estamos tratando de Depeche Mode, uma das bandas mais adoráveis e originais que já existiram, na minha humilde opinião, podemos trocar esse "dos piores" pra "dos menos legais". Creio que essa estranheza que senti, ao escutar o CD, se deve ao fato de que o álbum está um pouco fora de coerência, isto é, um pouco diferente do que eles já vinham fazendo - onde alcançaram um hot point no "Construction Time Again", de 1983; diga-se de passagem, um dos meus favoritos. Escute, pra entender um pouco do espírito do que tava chegando nos anos 80!


Como eu já disse, Depeche Mode é o tipo da banda que o cara precisa de umas 4 boas ouvidas de um disco "ruim" inteiro pra poder entrar na energia. Mas isso é não é jogar limpo - soa forçado, imposto, porque o gostoso mesmo, em tudo na vida, é ser pego de surpresa, de modo arrebatador. Black Celebration não tem essa capacidade. O que muito me decepcionou, pois a maioria das pessoas que gostam de DM me falam bem desse disco.


Das 14 faixas, apenas a metade passa aquela sensação que é a razão de ser legal deles: energia! A outra metade fica por conta de baladinhas chatinhas e faixas "devagar-quase-parando", sendo que a única desse grupo que vale a pena comentar algo legal é "Dressed In Black", que, talvez por esse nome fetichístico (dentro do MEU rol de fetiches!), cai bem, tocando um som com um clima de sedução (sugestão: uma garota saindo de um banho quente e vestindo o tal do "black dress" pra um cara).


Pra não passar por chato, vou listar aqui as músicas matadoras desse álbum: Black Celebration (apesar de começar maçante); Fly On The Widescreen; A Question Of Time e Stripped - são as duas melhores, e as cantarolo na rua; em especial a segunda, fico batucando nos meus brincos, querendo imitar o palm-mutted da guitarra na introdução -; Here Is The House; Dressed In Black (já citada) e Breathing On Fumes. (Vale lembrar que citar as músicas matadoras do álbum é importante, pois muitas das que foram mencionadas acima são, de fato, marcante para os fãs da banda. Ou seja: as músicas desse disco bem mediano quando são fodas conseguem se sair melhor que a encomenda!)


O aviso que fica aqui é: se será a sua primeira experiência com o Depeche Mode, esqueça o Black Celebration. Comece por qualquer outro, menos por esse, porque você pode se decepcionar, ficando com uma impressão errada e perdendo de colocar na sua lista de "mais ouvidas" músicas criadas por gente criativa e revolucionária como eles.